TCMSP identifica escolas sem kits digitais instalados comprados há quase quatro anos Notícias

26/04/2024 11:00

O Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) fiscaliza a execução do contrato dos equipamentos comprados pela Secretaria Municipal de Educação (SME) e apurou que, quase quatro anos depois, ainda há unidades escolares sem os projetores, telas retrátil e caixas de som instalados.

O programa Sala de Aula Digital, anunciado pela Prefeitura, em outubro de 2019, previa a modernização de 12 mil salas de aula até o final de 2020. Após denúncias de que os kits não haviam sido instalados e estariam empilhados sem uso, a SME justificou dificuldades causadas pela pandemia da Covid-19.

Diante das respostas apresentadas, em dezembro de 2021, uma auditoria do Tribunal constatou que em todas as oito escolas visitadas, os equipamentos entregues nos anos de 2019 e 2020 estavam encaixotados aguardando a instalação.

Na época, com apenas 7% dos equipamentos instalados, a Secretaria reconheceu e contextualizou as dificuldades encontradas para a implementação do programa, com destaque para problemas relacionados à adequações estruturais. Foi informada então uma nova previsão para a conclusão do programa: segundo semestre de 2022.

  • kits adquiridos: 13.501
  • kits instalados até dez/2021: 932

 

Porém, o prazo esse que não foi cumprido novamente. Em novembro de 2022, visitas simultâneas na área de educação realizadas pelo TCMSP constataram que 22 das 64 escolas visitadas não possuíam os equipamentos instalados em nenhuma sala de aula. 

E o problema permanece, até o final de março deste ano, em pelo menos nove escolas de cinco Diretorias Regionais de Ensino (DRE):

DRE Itaquera
EMEF Arthur Neiva
EMEI Suzana Evangelina Felipe

DRE Pirituba Jaraguá
EMEF Eliane Benute Lessa Ayres Gonçalves
EMEF Cândido Portinari
CEMEI Coreto de Taipas

DRE Guaianases
EMEF Elias Shammas
EMEI Lizele Angelina Fontana

DRE Freguesia/Brasilândia
CEU CEMEI Freguesia do Ó

DRE Ipiranga
CEU CEMEI Vila Alpina

Sob a condição de ter a sua identidade preservada, uma funcionária da escola Elias Shammas, de Cidade Tiradentes, confirmou o atraso da instalação do programa na instituição de ensino.

“No Elias Shammas nunca teve salas digitais. só a sala de informática que tem o aparelho, mas as salas de aula não têm o projetor. nenhuma sala da aula tem projetor. e os professores nunca viram o projetor na sala de aula. São muitas salas, muitos professores, mas o recurso que nós temos é o livro didático, alguns livros da sala de leitura, mas o material digital nós não podemos utilizar na sala de aula.”

Ela cita ainda outro problema: a falta de uso dos tablets. “E os professores, eles não podem colocar atividades no google sala de aula. até mesmo para estudantes que estão afastados por motivo de doença, que estão em casa muito tempo, eles não podem ver uma atividade no google sala de aula ou fazer essa interação (...) porque não é permitido postar no google sala de aula. o aluno só pode comparecer de forma presencial. Depois da pandemia esses tablets não são utilizados. Não há uma orientação pedagógica para a utilização desse material de forma pedagógica, didática.” 

Após um investimento de cerca de R$ 500 milhões para a compra de tablets, durante a pandemia, o TCMSP prepara uma auditoria, este ano, com o objetivo de avaliar o aproveitamento da tecnologia nas escolas.