Síndrome pós-Covid é tema de debate na Escola de Gestão e Contas Notícias

19/11/2021 13:30

Dando continuidade à programação do Ciclo de Debates sobre “O Impacto da Pandemia de Covid-19 na Saúde Pública em São Paulo”, transmitido pelas redes sociais da Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP), na noite dessa quinta-feira (18/11) foi realizada a mesa 5, com o tema “Covid longo: impactos e reabilitação no município de São Paulo”.

A mesa foi composta pelo professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Carlos Carvalho, que também é diretor da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração (InCor), e pelo supervisor do Pronto-Socorro do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira.

A mediação do debate foi realizada pelo professor da Universidade Nove de Julho, Antonio Pires, docente em Medicina na área de Saúde Coletiva e Atenção Primária em Saúde.

O professor Carlos Carvalho abriu os trabalhos da noite com a apresentação de um estudo realizado pelo Hospital das Clínicas de São Paulo, que acompanha os efeitos tardios pós-Covid-19 em de 750 pacientes internados com a doença no primeiro semestre de 2020 no complexo hospitalar.

Conforme informou Carvalho, um ano após a alta hospitalar por Covid-19, 60% dos pacientes ainda têm algum tipo de sequela, como fraqueza, fadiga, falta de ar e dificuldade de concentração e memória.

Os casos acompanhados pelo Hospital das Clínicas passam por avaliação de diversas especialidades médicas, além do atendimento de fisioterapia e da equipe de saúde mental, entre outros profissionais.

Para avaliar as necessidades de cada um dos pacientes, Carvalho informou que foram utilizados vários recursos. ”Eles responderam questionários, passaram por teleconsulta e foram pessoalmente ao hospital para uma avaliação geral das queixas e realização de exames complementares, quando necessário.”

De acordo com o palestrante, os casos de Covid longo, também chamados de síndrome pós-Covid, têm sido objeto de preocupação em todo o mundo, devido ao impacto na qualidade de vida das pessoas e à necessidade de ampliação de redes de apoio multidisciplinar em saúde para o atendimento e tratamento das sequelas da doença. 

Na segunda palestra da noite, o médico Ralcyon Teixeira compartilhou a sua experiência à frente do Pronto Socorro do Hospital Estadual Emílio Ribas, especializado no atendimento de doenças infectocontagiosas.

Segundo dados apresentados por Teixeira, “desde março de 2020, o Hospital Emilio Ribas atendeu mais de 11 mil casos suspeitos de Covid-19 e mais de 5 mil casos confirmados, com o registro de 541 óbitos”.

Ao longo desses quase dois anos de enfrentamento da doença, o palestrante destaca que a área da saúde estava prioritariamente focada “no tratamento da infecção aguda, para tentar minimizar a mortalidade”.

No entanto, ele chama a atenção para a fase atual da pandemia, com a chegada das vacinas e a diminuição dos números de casos de internação e mortes. “Agora vivemos um desafio para tratar os casos de longo Covid, que atingiram principalmente os pacientes graves, que passaram por UTI”.

Na visão de Ralcyon, a criação de centros especializados na rede pública para atendimento multidisciplinar desses pacientes com sequelas da doença “seria importante  para a recuperação mais rápida e reintegração deles às suas atividades rotineiras e, além disso, esses locais seriam fonte de  estudo e pesquisa para essa doença ainda muito nova”.

Também contribuiu com o debate da noite, as reflexões sobre Covid longo e saúde mental, enviadas pelo professor da FMUSP, Paulo Rossi Menezes, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Saúde Mental Populacional da Universidade.

As contribuições do professor Menezes foram transmitidas ao público pelo moderador Antonio Pires.

Menezes abordou a necessidade de criação de protocolos na rede de atenção psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS), para atendimento dos pacientes pós-Covid que apresentam sequelas relacionadas à sua saúde mental. Na sua avaliação, esses protocolos pressupõem a incorporação de novas tecnologias – teleconsulta, telediagnóstico -, além de inovações digitais.

Na conclusão dos trabalhos, o mediador Antonio Pires defendeu a  importância de os gestores de saúde se envolverem com a questão do planejamento de impacto, a partir dos dados e instrumentos já disponíveis sobre a doença e suas consequências. “Precisamos pensar em redesenhar os processos que envolvem as redes de reabilitação e atenção psicossocial dentro do ambiente do SUS”, ressaltou.

O Ciclo de Debates sobre “O Impacto da Pandemia de Covid-19 na Saúde Pública em São Paulo” é promovido pelo Observatório de Políticas Públicas do TCMSP. A próxima mesa acontecerá no dia 2 de dezembro.

Acesse o conteúdo da Mesa 5 do Ciclo de Debates

Acompanhe aqui a programação por meio do site da EGC