Fomentando o diálogo de produções audiovisuais, diversidade sexual e direitos de pessoas LGBTQIAPN+, a Escola Superior de Gestão e Contas Públicas (EGC) do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCMSP) exibiu, no último dia do mês do Orgulho (30/06), o documentário "Meu amigo Claudia". A mostra marcou a volta do programa Cineclube da Escola.
O público presente pôde assistir ao filme e, em seguida, participar de um debate com o diretor do documentário, Dácio Pinheiro, com o cineasta, produtor e diretor de diversos curtas-metragens e coordenador do "Primeiro Plano" (Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades), Aleques Sandro Eiterer, e com a pesquisadora em representação de mulheres lésbicas por meio da literatura e validação de identidades que destoam da heteronormatividade, Nicole Estevam Gerard. A conversa foi mediada pelo ouvidor do TCMSP, Dirceu Mendes.
"Meu amigo Claudia" surgiu do texto escrito por Caio Fernando de Abreu, no qual o escritor demonstra toda sua admiração pela atriz Claudia Wonder, uma performer e cantora dos anos 1980, uma eclética travesti que fez barulho no cenário underground paulistano. O longa também conta sobre a militância de Wonder como ativista na luta pelos direitos homoafetivos.,
No debate, os convidados deixaram evidente a dificuldade que os gays e travestis enfrentaram na indústria da música e do entretenimento nos anos 1980, época em que mais se registravam assassinatos dessas pessoas. Uma realidade que não mudou. É o que aponta o relatório da Associação Nacional de Travestis e Transexuais do Brasil (Antra), que aponta que o País se mantém, pelo 14º ano consecutivo, na liderança do ranking dos 80 países que mais matam transexuais e travestis.
A aceitação social e a construção da identidade desse grupo são baixas em uma sociedade conservadora, cujo preconceito está presente desde os bancos escolares. Os travestis, por exemplo, são vistos como sujos e sofrem discriminação até em seu próprio grupo LGBTQIAPN+. Tanto Aleques quanto Nicole concordam que Cláudia Wonder é um exemplo para a nova geração LGBTQIAPN+, frente a essa inferiorização social. Daí a importância do posicionamento político com base em grandes ações e manifestações, como a Parada Gay.
Sob a curadoria de Fernando Ferric, o Cineclube da Escola de Gestão e Contas do TCMSP faz parte do projeto Cineclube Spcine, da Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, ligada à Secretaria Municipal de Cultura. A ação prevê a democratização do acesso ao cinema em bairros não atendidos pelas salas comerciais e a garantia de mais locais de projeção de filmes gratuitos, com prioridade para os títulos nacionais.
Aleques Sandro Eiterer, cineasta, produtor e diretor de diversos curtas-metragens e
coordenador do "Primeiro Plano" (Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades)
Nicole Estevam Gerard, pesquisadora em representação de mulheres lésbicas por meio
da literatura e validação de identidades que destoam da heteronormatividade
Dácio Pinheiro, diretor do documentário
Dirceu Mendes, ouvidor do TCMSP
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